segunda-feira, 30 de maio de 2011

Design X Freela

Olá Designer's de plantão, estou voltando depois de um intervalo de reflexões e muito trabalho.
Neste Post irei tratar de trabalhos de Freelancer.

Sempre tive a impressão de que designers não sabiam fazer contas (e pode me incluir).
Então, nste material que não tem a pretensão de ser a verdade absoluta, e também não é uma formula secreta infalível. Mostrarão alguns conceitos básicos para gerenciar melhor o seu futuro/atual escritório de design.

Sabemos que é sempre muito difícil cobrar. Ainda mais para designers que estão iniciando no mercado, não dá para cobrar como as agências grandes, ou como os designers “fodas”; é normal. O difícil é quando decidimos “tabelar” nosso preço pela média do mercado, sem antes saber quais são os nossos custos reais.

Conceitos

Antes de mais nada, precisamos entender alguns conceitos de administração e gestão financeira, que aprendemos nas aulas na Faculdade... Quem não passou ainda, segue os mais importantes:

Custo: gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços.
Despesa: gasto relativo a bem ou serviço consumidos direta ou indiretamente para a obtenção de receitas.
Investimento: gasto ativado em função de sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a futuros períodos.
Perda: bem ou serviço consumidos de forma anormal ou involuntária.
Desembolso: pagamento resultante da aquisição de bem, serviço ou ativo.

Segundo o dicionário "Freela para Designês"

Custo: conta de luz, aluguel do escritório, internet, canetinhas, papel colorido, estilete, essas coisas que usamos diretamente para criar.
Despesa: a contratação de um contador, comissão pro camarada que indicou o freela, a gasolina ou o busão até o cliente, coisas que estão ligadas diretamente à ganhar dinheiro.
Investimento: guardar dinheiro para um imac novo, ou uma tablet.
Perda: quando a gente acha que vai fechar o freela em 3 dias, mas acaba levando 3 semanas pq o cliente não se decide em nada.
Desembolso: a compra do imac, tablet, ou qualquer coisa assim.


Classificação de Custos:

Variáveis: são os custos que se alteram com as quantidades produzidas, ou seja, são os custos de produção. É o valor gasto diretamente com as mercadorias/produtos/serviços que a empresa vende. *O custo variável é fixo por unidade.

Fixos: são os custos que não se alteram com as quantidades produzidas, ou seja, são os custos de estrutura. eles estão presentes independentemente do valor das vendas. **O custo fixo é variável por unidade.

* uma folha A3 de papel xyz custa R$4,00 e você precisa fazer 10 cartazes, não importa quantos cartazes você fizer, cada folha terá o seu custo fixo de R$4,00 podendo contar no máximo com algum desconto caso a compra do material seja em grande quantidade.

** digamos que o aluguel da sua sala seja R$600,00 se você vender 01 cartaz, o valor do aluguel repassado para este único trabalho é de R$600,00 caso você consiga vender 20 cartazes no mês, o rateio do aluguel seria de R$30,00 pra cada cartaz.
  
Levantamento de Informações

Como elaborar os cálculos para definição do custo e do preço de venda:
Qual é a sua capacidade de produção?
Quais são seus custos fixos e variáveis?
Quanto pode rentabilizar o seu produto?
Quanto você deve investir?
Quanto você deve pagar de impostos/comissões?

Capacidade de produção:

Exemplos mais comuns são para a indústria, define-se dentro de um determinado período a capacidade total de produção.
Ex: horas trabalhadas x quantidade produzida por hora = quantidade produzida por dia.
10 horas x 5mil unidades = 50 unidades por dia.
50 unidades por dia x 20 dias = 1000 unidades por mês.

Para quem faz design é um pouco difícil quantificar isso, já que envolve atividade criativa. Todos nós sabemos, que é difícil ser criativo todos os dias, o dia inteiro. Por isso, é mais fácil quantificar a capacidade de produção pelas horas que você tem disponível para trabalhar.

Ex: 8 horas por dia, 40 horas por semana, ou 160 horas por mês.
Como você ainda é um estudante, pode considerar metade destas horas.

Calculo de custos

Custo variável: Por se tratar de prestação de serviço, os custos variáveis devem ser pela quantidade de horas utilizadas em cada projeto.
Ex: se a sua hora te custa R$12,50. O seu custo variável total, para um projeto de 10 horas, seriam R$125,00.

Deu para entender melhor o conceito de que o custo variável é fixo por unidade?

Custo fixo: Quanto custa seu aluguel? Conta de luz? Internet? Telefone? Outros? Este é um custo que você terá, independentemente de estar trabalhando ou não. No fim do mês a conta sempre chega.

O custo fixo total deverá ser dividido pela capacidade produtiva,
Ex: R$1523,00 / 160h = R$9,52 por hora.

Quanto mais horas você fizer num mês, menor será o seu custo por hora, o custo fixo é variável por unidade.

Depreciação

Uma conta muito importante no calculo de custos fixos, é a depreciação do seu investimento. É uma forma de repassar o valor investido no imóvel e equipamentos, para “pagar em parcelas” para você mesmo.

Contabilmente, as empresas depreciam suas máquinas em 10% ao ano, automóveis podem chegar até 20% ao ano. Em Designês nada mais é que uma forma de juntar a grana para hora que precisar comprar um computador novo, trocar as cadeiras, etc.

Por isso, depreciamos nossos equipamentos a uns 2% ao mês, ou outro percentual que acharem melhor. Este percentual deve ser somado com seus custos fixos.

Ex: depreciando seu imac de R$5800 a 2% ao mês, em 4 anos você terá juntado dinheiro suficiente para comprar outro, sem precisar vender o antigo.

Qual o custo unitário total?

CUT = Custo variável unitário + (custos fixos / capacidade de produção)
CUT = R$12,50 + (R$1523,00 / 160h) = R$12,50 + R$9,52 = R$22,02


Peça Ajuda ao Excel


 Para melhor entender pode clicar aqui.

Formação de preço

Agora que você já sabe calcular o seu custo operacional, está na hora de formar o seu preço.

Se o seu custo é de R$100,00 e você quer um lucro de 20%, qual o seu preço de venda? (desconsidere impostos, frete, comissões, etc.) Se pensou em R$120,00, errou e saiu no prejuízo.

Parece esquisito, mas não existe 100%, 200% 400% de lucro. A conta é mais simples do que você pensa.

Leve em mente que o lucro deve ser calculado sobre o preço de venda e não sobre o custo. No exemplo dado, se você tirar 20% de R$120,00, vai ficar com R$96,00 para cobrir os custos.

Para conseguir o preço de venda correto, precisamos aplicar a Taxa de Markup:
TM = 100 / (100 – % rentabilidade + % impostos + % etc)

Como no nosso exemplo anterior desconsideramos os impostos, frete, comissões, o cálculo fica assim:

TM = 100 / (100 – 20) = 1.25

Preço de Venda = Custo x Taxa de Markup
PV = 100 x 1.25 = R$125

Pode testar, coloca na calculadora, $125 – 20%, e vai sobrar os $100 para cobrir os custos.

Experimente aproximar a porcentagem de lucro a 99% para ver o preço final absurdo que dá, provando que não dá pra tirar 100% de lucro.

Agora vamos para a planilha de custos operacionais, vamos tentar utilizar o exemplo mais comum a todos:






No exemplo acima, o total de horas necessárias para um projeto simples é multiplicado pelo valor do nosso custo operacional já calculado.

O calculo de horas deve sempre considerar uma taxa de 10% de respiro, para eventuais imprevistos, por exemplo, no aniversário do seu melhor amigo, você não vai querer perder aquela bebedeira, né?! Ou para quando o cliente ficar enrolando a dar resposta.

Calculamos uma margem fictícia para impostos e uma margem de negociação caso o cliente chore um descontinho, mais a taxa de rentabilidade ou lucro. Se cobrarmos só o custo operacional com um acréscimo de 20% o calculo de formação de preço estaria errado e seria praticamente trabalhar para pagar as contas.

As tabelas apresentadas são puramente para aprendizado, a realidade de cada um pode ser muito diferente disso. Muitos talvez ainda morem com os pais, trabalham em casa ou dividem apartamento com amigo... Mas não esqueça de considerar todos os seus custos reais de produção antes de formar o seu preço.


Vocês devem ter achado que fui o autor deste texto. Lógico que não, os créditos são para Abel Chang, 25 anos, formado em design de produtos e pós-graduado em gestão de negócios.


Quando procurei sobre o assunto encontrei bem poucos posts para quem é da nossa área.
Mas se quiser saber mais, você pode pesquisar outros autores, como:
André Beltrão, Quanto Custa Meu Design? Manual do Freela.
Masakazu Hoji, Administração Financeira na Prática.



Eu sou
Cycero Delnero de Oliveira
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2 comentários:

  1. Muito bom esse post! Parabêns

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  2. Se todos nós designers fizemos esses cáclculos e apresentase-mos aos nossos clientes provalvelmente não estariamos ricos, mas numa situação muito melhor, tanto no financeiro quanto em reconhecimento também.

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